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Da Cruz representante da música brasileira na Europa lança seu novo álbum Eco do Futuro no Brasil

Foto: Ane Hebeisen / Büro Destruct

Da Cruz é urbana, dançante e política em Eco do Futuro 
 A cantora e compositora Mariana Da Cruz se firma como uma grande representante da música brasileira na Europa e lança seu novo álbum no Brasil.


+ fotos, clipe, singles: https://goo.gl/acu4Mn

Eco do Futuro é um disco “preto” e urbano, apresentado no exterior como “afro-brazilian bass music”. O quinto álbum da cantora e compositora Mariana Da Cruz chega ao Brasil após ter sido lançado na Europa e EUA. 

Radicada na Suíça há mais de uma década, Da Cruz (como é chamada artisticamente) foge dos clichês verde e amarelos e representa muito bem a música brasileira contemporânea por onde passa: de Montreal a Montreux, de Londres a São Paulo. 

Reconhecida também pelo trabalho de difusão da cultura afro-brasileira, a artista vem consolidando um percurso claramente político em temática e sonoridade, abordando de forma direta temas como racismo, violência contra as mulheres, a falsa liberdade de ir e vir da pessoa negra, entre outros. 

Eco do Futuro é uma viagem eletro-acústica ambientada nos enfumaçados estúdios de gravação de Kingston Town ou dos clubes mal ventilados de Londres. Esta viagem que ainda funde Kwaito, Baile Funk, Afrobeat, Dub e Hip Hop apresenta um Brasil de sentimentos ambíguos, que oscila entre revolução e resignação, raiva e alegria, esperança e desespero, traduzidos em canções extremamente dançantes. Vale prestar atenção nos inconfundíveis beats de Ane H. 

“Negra Sim” é uma espécie de Baile Funk Suíço. Uma mistura de electro europeu (meio Kraftwerk) e hip-hop (com beatbox). A faixa é inspirada pelas produções do início dos anos 80. Já “Virose”, (que ganhou um videoclipe) é um dub/rap onde Da Cruz alerta para se tomar cuidado com o vírus do ódio e da intolerância. “Sinhá Mandou” é um afrobeat-jazzístico-futurista e “Pobre Mentality” funde batidas eletrônicas com sopros e tambores.

É o testemunho de uma mulher negra de origem humilde que foi criada ouvindo sua avó dizer “O Brasil, minha filha, é o país do futuro” e que hoje vê como seu país está sendo governado e roubado por homens brancos, velhos e privilegiados. Da Cruz é a colisão de elementos que parecem incompatíveis à primeira vista. 


Escute:

Biografia 

A trajetória de Mariana Da Cruz reflete o seu descontentamento com a política do Brasil. “Cresci ouvindo muitas promessas sobre o crescimento econômico e o desenvolvimento educacional, social, cultural e a estabilidade do país. E, apesar dos muitos avanços que tivemos na última década, mais uma vez vemos o povo sendo destituído de seus direitos”, conta. Em 1999 foi para Portugal, onde ficou conhecida como uma cantora de bossa nova. 

Foi neste país que conheceu o produtor suíço Ane H., o principal integrante do Swamp Terrorists - grupo pioneiro na cena industrial/electro de seu país. Enquanto Elis Regina e Ed Motta eram as grandes influências da moça, Ane H. somou com seus conhecimentos de produção eletrônica e sintetizadores. O resultado são beats improváveis embalados por muito groove e pela voz poderosa e sensual de Da Cruz – com letras em português. 

Mariana da Cruz não é uma filha da burguesia ou uma garota tropicalista-hipster. A sétima filha de uma trabalhadora da roça de algodão e de um cozinheiro nasceu e cresceu no município de Paranapanema, São Paulo. Não tinha dinheiro para investir em aulas de música ou numa coleção de discos, mas sua mãe foi uma apaixonada pelo rádio e cantava muito bem. Foi assim que Da Cruz se apaixonou pela música e se mudou para Campinas, aos 16 anos, para trabalhar e tentar a vida como cantora. 

A menina que gosta de olhar para o futuro se cansou da boa e velha bossa nova e se mandou para a Europa. Há 14 anos ela bate o pé quando os contratantes na Europa dizem que ela deveria cantar em inglês. 

“Não é fácil criar um mercado com a língua portuguesa no ambiente musical internacional. Mas o que devo fazer? É a língua mais bonita do mundo, como já dizia Saramago, e não vamos mudar isso. Nos shows eu falo com a plateia em inglês ou alemão e os atualizo sobre o teor das faixas. Assim o público pode perceber como fugimos totalmente dos clichês sobre o Brasil" afirma. 

Ela sobe ao palco acompanhada por Ane H. (programação eletrônica), Oliver Husmann (guitarra), Ch. Sommerhalder (guitarra), Daniel Durrer (saxofone), Nicklaus Hürny (trompete) e Pit Lee (bateria e percussão). 

Discografia: 

Nova Estação (2007); Corpo Elétrico (2008); Sistema Subversiva (2011), - lançado nos EUA pelo selo Six Degrees Records de Bebel Gilberto e Céu; Disco e Progresso (2014) – lançado no Brasil pela Label A; Eco do Futuro (2018) – lançado no Brasil de forma independente.

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